Cap 37: Não quero você fora da minha história (Duda)

16/10/2010
O que se pode dizer dessa festa igual a todas as outras? Uma fila enorme na porta, não importando com quanta antecedência organizou a lista e enviou pra boate, depois de ter ligado para uma penca de amigos e enviado e-mails para várias listas. Depois, o bolo que o garçom traz com o balde de champanhe, taças e… Não é nada disso que realmente mexia com minha cabeça e meu estômago aquela noite. Eu estava enjoada com a presença de Maurício ora perto demais, ora terrivelmente longe, zanzando entre os bares e falando no ouvido de umas e outras.
Agüentei com paciência um carinha dando mole, enquanto Helena me olhava sobre os ombros deste com uma mensagem de que era melhor jogar aquele peixe de volta no rio, pois o dia não estava pra pesca predatória. Nos encontramos no microbanheiro de duas baias onde 3 garotas resolviam fumar e conversar, como se não pudessem fazer isso em um lugar melhor e minha amiga confirmou a suspeita que eu tinha sobre sua opinião:
_Você vai ficar com alguém na cara do Mau hoje? Cuidado, eu não quero briga…
_Ele nunca foi de brigar! _fiz uma careta. Como eu o estava defendendo?
_Eu tenho medo de estragar a sua festa.
_Ele já estragou estando aqui, ele não podia ter vindo… _mordi o lábio e disse pra garota atrás de mim que podia usar o banheiro na minha frente.
_O que você está sentindo?
_Que quero fugir.
_Isso é muito ruim. Tsi tsi… _bebeu o gole da sua bebida, deixou o copo no canto da pia e ajeitou seu cabelo. _ … Eu vou falar com ele. Quer que vá embora?
_Está louca?! Eu não daria essa bandeira.
_Então, não sei o que fazer…
_Está tranqüilo. Já cantamos parabéns, agora falta o quê?
_Meu Deus! Era para ser divertido, parece que quer saber o que falta para acabar uma missa de sétimo dia.
_Vamos voltar pra lá. _ pedi, não por vontade de dançar, mas para cair de volta na escuridão, onde não me viam. _Vou ali pegar alguma coisa… _ disse pra ela e me aproximei sozinha do bar. Pedi uma caipirinha e fiquei mexendo o canudinho por um tempo. Encostei a mão na testa e respirei fundo. Eu era livre pra fazer o que quisesse, não precisava continuar em um lugar onde não estava me sentindo bem. Carreguei meu copo até o lounge e sentei próximo a janela que dava para um vista incrível da praia. Bebi lentamente o líquido gelado, que desceu quente.
Peguei meu telefone e com uma mão deslizei o dedo sobre a tela touch. Abri uma mensagem de texto e escrevi: “Amiga, vou pra casa. Por favor, segura o pessoal aí. Diz que estava passando mau, sem trocadilhos. Rs. To bem. Peguei um táxi.”
Enviei o texto e aproveitei a fila vazia pra pagar a conta, entregando meu cartão de consumação. Desci os dois degraus e o segurança abriu a porta. Andei vagarosamente alguns metros até a fila dos táxi na esquina.
_Duda? _ouvi uma voz atrás de mim.
Fechei os olhos. Eu não tinha ouvido, fora só impressão…
_Duda, espera!
_Droga. _coloquei a mão na cintura, mas não me virei.
_Duda… _ ele apareceu na minha frente, ofegante. _O que foi isso? _apontou para o celular.
Franzi a testa e mostrei não entender.
_A mensagem!
_Por que a Helena te contou?! _irritei-me.
_Não, você mandou pra mim. _ sorriu.
Arregalei os olhos e depois fiz uma careta pegando o aparelho na minha bolsa, vasculhei a caixa de saída.
_Hunrgggggghhhhhh… _grunhi. Eu não cometi esse ato falho! Eu quero morrer agora, por favor, um carro pra passar por cima de mim aqui na calçada. _Ok, fique com o meu atestado de idiota que eu vou pegar aquele táxi ali. _ dei um passo a frente.
_Não! E eu?… Já paguei.
_Ótimo, e eu com isso?
_Mas, é a sua festa! _apontou pra dentro.
_Não percebeu? Eu também paguei e já saiu, ou acha que essa área aqui também faz parte da festa?_ abri os braços.
_Está indo por causa de mim?
_Deixa de ser convencido!
_Eu não queria estragar sua festa, nem fiquei perto de você!
_Obrigada por respeitar meu espaço, mas na verdade eu preferia não estar respirando o mesmo ar que você.
_Duda, podemos conversar?
_Oi? Desculpe acho que não cabe mais isso. Tchau, Mau. _ andei para o táxi.
_Você não vai não, eu vou te levar.
_Se toca, você não é mais nada meu, na-da!
_Não? _perguntei e duvidei da minha capacidade de estar usando as palavras certas para ser bem clara.
_Eu estou cansada. _abri a porta do táxi.
_Duda?
Bati a porta. Cheguei em casa e encontrei meu pai na cozinha, bebendo água. Peguei um copo, também estava precisando.
_Na minha época as festas terminavam mais tarde. _comentou. _Mas, isso era careta. Agora, é trend chegar cedo?
Eu ri e deixei o copo na pia. Dei um tapinha em seu ombro e sem palavras caminhei pro meu quarto. De olhos fechados me dei conta de um detalhe muito importante. Se Mau tinha lido a mensagem, Helena não sabia onde eu estava. Enviei um sms e agradeci por seu esforço em me animar, mas estava precisando mesmo de uma noite de sono.
Acordei de manhã com uma baita dor de cabeça. Escovei o dente na suíte do meu quarto e lavei finalmente o rosto pra tirar toda a maquiagem. Uma ducha bem quente me relaxou. Agora, um remédio e um café me ajudaria a recuperar a moral.
Passando pela sala vejo Maurício sentado no sofá e pisco o olho com força. Se ele não tivesse se levantado eu teria pensado que estava sonâmbula em um sono profundo.
_Ah! Essa não! _ virei as costas e voltei para o meu quarto, me chocando com meu pai no corredor. _ Por que o deixou entrar?
_Olha, ele disse que se eu não deixasse entrar, ia ficar ali fora sentado até você envelhecer e seria capaz de se alimentar das plantas. Por favor, eu não quero ver um homem com cara de náufrago, barbudo e vestindo trapos, me entregando o jornal deixado na porta todo dia de manhã. Estou fora dessa.
_Não acredito… _balancei a cabeça com decepção e entrei no meu quarto. Era só esperar alguns segundos pra ouvir a porta abrir atrás de mim.
_Tudo bem? _perguntou.
_Veio pra conversar, suponho. _falei com raiva por insistir tanto em me fazer abrir a caixa de pandora. _ Eu não te contei que fiquei com o Emanuel, né? Então, fiquei com ele quando namorava você. _cruzei os braços e esperei que isso o ferisse bastante.
_Eu sabia. Não que essa parte tenha sido boa de encarar. Mas, ele não está aqui, não é mesmo?
Minha boca se abriu e fechou e meus braços se descruzaram vagarosamente.
_Eu imaginei que não ia dar em nada… Mas, eu tinha que te deixar ser feliz.
_Como…?
_Sua mãe me falou que era a pessoa mais infeliz do mundo comigo… que você ia ter um namoro normal…
_Foi por isso… Então, você não…
_Eu também te traí, não posso tirar o corpo fora. Não era nada que merecesse ser lembrado, aliás, eu nem devia ter feito aquela merda, bebi e acabei perdendo o controle… Não tem mais importância.
_Simples? Só isso, ficamos elas por elas e… _falei sarcástica.
_Duda, você pode me mandar embora e ficar assim nossa história, ou pode pedir pra eu ficar e…
_Eu é que tenho que dizer? _perguntei, irritada por ter que ser a quem implorava o retorno.
_O que importa, então, é o seu orgulho? _ele deu um passo a frente e ameaçou ajoelhar. Virei de costas e pedi “Por favor”, ignorando-o. _Ok, se não é por bem, eu já cansei. Prefiro os meus métodos. _puxou meu braço e me envolveu. _Volta pra minha vida. _sua testa colou na minha. _Nós temos uma história, o mesmo sangue, a mesma origem, o mesmo amor… Duda, eu não consigo admitir que você seja de mais ninguém, não dá pra mim.
Engoli em seco.
_Eu fui um fraco, mas sou mais fraco ainda em ficar longe do seu cheiro, da sua pele, do seu cabelo… _afagou meus cachos e segurou minha cabeça com os polegares sobre meus maxilares. _Eu não vou aceitar fácil, se disser não. Sabe tudo o que tenho pra oferecer e não posso mudar isso. Continua me esperando…
Minha mão acariciou seu rosto e ele soltou o ar, fechando os olhos, aliviado pelo gesto de sim.
_Eu te amo tanto… _suas palavras foram postas nos meus lábios e me beijou com tanta vontade que eu senti paz, uma profunda tranqüilidade do meu porto seguro.
Apertamo-nos em um abraço forte enquanto nossas bocas se experimentavam em um novo começo.
_Eu posso salvar ainda a sua festa que eu estraguei?_perguntou e eu sorri.
_A festa não. Você estragou a minha vida ficando longe. _envolvi seu pescoço e o beijei mais com toda a saudade de que tentei me curar. _Amo você…Vou te esperar. Sempre. _Olhei seu rosto lindo e o sorriso perfeito. Acariciei seus braços grandes e senti uma alegria enebriante.
Adorei os dois juntos e sem querer abusar vai nos dar um epilogo please!!!!!
Será que agora eles se entendem?Espero que sim. Eu acho que se o amor é forte o bastante para se perdoar o erro cometido pelo outro, então esse amor também é forte para derrubar todos os obstáculos e diferenças que surgem no caminho.Acabou?Continue assim.SUCESSO!