Blog da Li

Uma imagem vale mais que mil palavras e não mais que um ato:

Blog da Autora Li Mendi de Livros de Romance na Amazon

Lucy: _Bom dia, Lili!!! Acordei agora e já estou ansiosa para falar mais… mulher fala muito, né não?

Li: _Oi, Lucy! Sim, falamos muito.  Vamos tagarelar! Adoro fazer isso. O que mesmo você estava ansiosa para falar?

Lucy: _ Eu estava relendo a nossa conversa sobre os estereótipos e lembrei que há estereotipação das mulheres de cada região. Como eu sou do norte, sei que dizem aos militares que as mulheres de lá atacam discaradamente só por causa da farda. Eu sempre fui muito curiosa em relação a isso porque eu mesma nunca vi isso acontecendo, sabe? E falam mais das mulheres do Amazonas (eu sou de Roraima, um estado acima)… com certeza você já ouviu falar que a mulheres do norte atacam, certo? Eu fico imaginando de onde surgiu essa idéia, porque mulher assanhada tem em tudo quanto é lugar (veja Resende e suas cadetinas). Você já ouviu histórias reais ou viu, Lili?

Li: _Olha, já ouvi sim. E fico pensando também de onde surgiram esses preconceitos. Não sei se aquela idéia romantizadas das “índias com lábios de mel” que os filmes passam sobre as mulheres dos trópicos. Nossa, viajei total? Mas os meios de comunicação certamente têm um dedo nisso. Não apenas na questão de “mulher ataca militar”, mas mesmo no modo geral. Eu por exemplo, uma vez ouvi de uma pessoa que fazia curso de espanhol comigo que ao chegar em Portugal e dizer que era brasileira, era vista de modo diferente pelos homens, como se fosse mais fácil. Como será, por exemplo, que falam das cariocas?

Lucy: _Eu já morei no Rio Grande do Norte e em Roraima, a visão deles é a mesma com relação aos cariocas: malandro, safado, traficante e as mulheres são funkeiras, andam todas de shortinho e tal, é bem do jeito que você falou lá falou em um dos seus blogs. A visão é aquela que a Globo tem passado, aliás… já parou para ver a influência que a Globo tem sido na sociedade? As novelas e a sua evolução?

Li: _Nem me fale! A Globo é o celeiro de novelas acho que no mundo. Já fiz um trabalho na faculdade sobre isso. Eu cheguei a conclusão de que há pontos positivos e negativos. É uma forma de produzir conteúdo para um público da TV aberta e discutir uma série de assuntos importantes. Mas nada é perfeito, e, de alguma maneira, ela também contribui para propagar esteriótipos. O Rio de Janeiro é freqüente cenário das produções. As mulheres estão na praia de biquíni, ou dançando funk, pagode… lá no calçadão de Copacabana. Já viu o sucesso da Bebel? Uma empresa de tinta de cabelo que contratou a Alessandra Negrini ficou revoltada, quando se deu conta de que ela não dá o menor ibope se comparada ao personagem da prostituta. Quando a novela for para o exterior, que imagem estará passando da mulher brasileira? Os turistas que vêm para cá estão esperando o quê? As novelas da Globo são vendidas em geral para 20 a 30 países em média e isso é muito significativo.

Lucy: _Eu li numa revista comentários de cada novela e a sua influência na época. As novelas sempre abordavam um traço polêmico em algum núcleo e foram, dentro dos limites e guardadas as devidas proporções, influenciando a população. Antigamente, o beijo era cinematográfico meeesmo, ou seja, um beijava naquela parte que fica entre o nariz e os lábios, e o outro beijava um pouco abaixo, quase que totalmente no queixo. Hoje em dia, bem… nem precisa comentar. E os assuntos polêmicos que foram tratados em cada novela, lembra?

Li: _Muitos. Cada época teve que lidar com seus preconceitos. Uma das primeiras novelas a levantar a questão dos negros foi a Cabana do Pai Tomás. Acho que era esse o nome. Assisti um belíssimo documentário na faculdade sobre o histórico dos atores negros nas novelas brasileiras. E os atores contam que eles só serviam para fazer papéis de escravos, pobres, bandidos, empregados da fazenda ou da cozinha… Um dos atores negros precisava passar maquiagem para ficar embraquecido. Nos créditos, primeiro vinham os atores brancos e por último os negros. Só para se ter uma idéia das coisas grotescas para os dias de hoje.

Lucy: _As novelas têm um histórico interessante e assustador porque a Rede Globo buscou, cada vez mais, tornar o público parte disso, como no seu livro “Um Coração em Guerra” [UCeG], em que os leitores podem conversar com a personagem Bela pelo blog que ela, a personagem, criou. E como teve novelas… muitas, todas com algum tema relevante para a época. E para mim, o auge dessa integração do público com o mundo fictício, porém verossímil, foi em Páginas da Vida, com as reportagens no fim de cada capítulo, no formato do segundo livro “Amor Militar, Minha Guerra”. As pessoas falando das próprias experiências, dando ainda mais peso às estórias e relevância aos temas abordados pela novela naquele determinado dia. Foi uma idéia interessante que conectou mais ainda o povo com o mundo da ficção… mas, as pessoas ficam viciadas. Antes eu achava que era por causa da curiosidade em saber como fulana resolveu o caso do marido com a secretária, tipo, para fofocar… já que não se deve falar da vida alheia, “vamos falar da vida alheia de quem não é real, assim não seremos processados”. (risos) Está dentro da idéia do que você falou de que o leitor se envolve com as novelas para reviver situações pelas quais já passou, fazendo uma espécie de releitura do quadro todo, não é?

Li: _É… uma forma de reelaboração eu acho. As obras de artes nos permitem voltar no nosso tempo da memória através do objeto criado pelos artistas, seja um quadro, um livro, ou até mesmo uma novela. Penso na responsabilidade de quem produz, pois ele inevitavelmente estará formando opiniões que pode prejudicar a vida das pessoas. Pense comigo em um exemplo muito corriqueiro. Quando conheci meu namorado, seus pais quiseram logo saber como eu era. Bom, felizmente acharam tudo dentro do normal. (risos). Mas imagina se eles morassem lá no nordeste e não tivessem a oportunidade de me conhecer e ficassem mirabolando mil juízos de valor sobre mim? Ou, para voltar ao tema do começo do post, um pai daqui, que sabe que o filho está namorando uma menina do norte e fica preocupado, se perguntando se ela é aquela dos esteriótipos. Bom, nesse caso, eu acho que só há uma solução: com nossas atitudes, provarmos pouco a pouco quem realmente somos. Só com nossos atos somos capazes de quebrar as imagens erradas que os outros fazem de nós.

Bom, gente, espero que vocês gostem das conversas minhas e da Lucy, que estará por aqui me dando uma mãozinha com o nosso blog, afinal, estudando, trabalhando e escrevendo livros, só mesmo com ajuda dela e de todos vocês!

Nós duas voltamos no próximo post com mais papo!

 

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