Blog da Li

O olhar do outro nos molda

Blog da Autora Li Mendi de Livros de Romance na Amazon

Uma mulher madura-casada-vivida me deu um conselho peculiar: “Se conhecer um homem, não se dê por completo convencida de que o conhece. Veja-o no meio dos seus amigos. É aí que ele se revela”. Também tem a outra máxima: “Ele vai te tratar como trata a mãe, observe”. Deixei a teoria no fundo da memória como quem esquece a capital de algum país ou afluente de um rio aprendido nas aulas de geografia.

Nesse fim de semana, no meio de uma escura estrada de uma BR curvilínea, escutávamos música entrecortada pelas vozes de seus amigos no banco de trás, falando de trabalho. Eu era só ouvidos: ora pra música, ora pra conversa que tentava acompanhar. Observei as reclamações, os resmungos, os disse-me- disse, sempre vindos de trás. Ao meu lado, um homem compreensivo, calmo, bem humorado, que tentava a todo momento dar crédito à pessoas, mostrar o lado bom de quem não estava ali e, quando não tinha como defender, silenciava. Ali, amei e amei em triplo. Amor de admiração, de quem acaba de bater o olho, pela segunda vez, e se apaixonar perdidamente. Um orgasmo pelos ouvidos.

As pessoas devem ser amadas aos pouquinhos, de vagar, degustando. Surpresa após surpresa. Pena que a febre o fez ficar sob a cama do hotel, caidinho. Fiz carinho em seu rosto e beijei seu cabelo espetado e cheiroso. Um beijo de orgulho.

Ame um homem de quem possa sentir muito orgulho.

Fiquei reparando como é chato alguém que só resmunga, reclama, fala mal dos outros. Desde então, comecei a observar a conversa das pessoas que cruzo na rua, no ônibus, no trabalho. Pare agora e faça esse exercício: veja como quase todas estão falando de coisas e sensações ruins. Comecei a me assustar com essa constância. Abra seus ouvidos e perceba isso. Agora pense em como você também faz sem perceber. Como pode ser um purgante para a vida de outrem! Parti para outro exercício: hoje me contive algumas vezes para não ficar praguejando. Detive as palavras. Não quero ser para os que estão a minha volta uma noite de trovoadas, cinza e irritantemente chuvosa.

É muito difícil fazer isso, não é com pouco esforço que se chega a boas melhoras. Mas, são de sensações que construímos nossa imagem. Os outros guardam de nós as impressões e emoções que provocamos em suas almas. É um processo de acúmulo e retificação. Será que estou carimbando a minha imagem como alguém ranzinza? Se sim, tenho que melhorar!

Conheço uma pessoa que era mega amarga, chata e só dava fora nos outros. Porém, por algumas circunstâncias começou a mudar. Hoje, fala com doçura, é engraçada, carinhosa, outro ser! Contudo, quem não acompanhou essa virada de personalidade, ainda pergunta sobre ela como alguém horrível. Não é fácil alterar a força das impressões, mas é possível salvar o que estragamos.

Quantos pequenos e medíocres probleminhas, intriguinhas, picuinhas, orgulhosinhos patéticos nos fazem perder o respeito e admiração dos outros. Vendemos tão fácil nossa imagem boa por causa da vontade se autoafirmar. Vale a pena deixar a certeza da razão de lado, chutar o balde, dar de ombros, relevar para conviver melhor socialmente.

“Eu não to nem aí para o que as pessoas pensam”, alguns dizem. Mas, os outros podem infernizar nossas vidas quando o que pensam é uma imagem errada que construímos.

 

(4) Comentários

  1. sarah diz:
  2. Li diz:
  3. Li diz:
  4. Li diz:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Enviar uma mensagem
1
Escanear o código
Olá 👋
Como posso te ajudar? Escreve aqui para mim que eu em breve entro em contato para te responder.