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Publicação independente x Publicação por uma Editora

Dicas para escritores como escrever um livro de sucesso

Começamos escrever porque queremos tirar as ideias inquietantes da cabeça e colocar no papel. Depois, descobrimos o gosto por criar o que não faz parte de nós, mas, está no mundo ao redor que nos inspira. Até que chegamos ao terceiro step: o desejo de que um outrem embarque na nossa mesma viagem e conheça nossa arte. Para isso, é preciso publicar a obra.

No entanto, surgem mais dúvidas que mãe pega de surpresa com um teste positivo de gravidez. Sim, porque ser escritor é fazer vários livros- filho.
Lembro como, na minha felicidade ingênua dos quinze anos, enviei diversas cópias de um livro para editoras e, naquela época, não cheguei a atravessar o firewall. Todas me enviaram a mesma mensagem, cada uma ao seu estilo. Será que combinaram? “Desculpe, já fechamos a nossa cota anual de livros”. Por que mentir para quem começa a fim de ficar bonito na fita? Eu preferia algo, como: “Este livro não está em linha com nosso contexto editorial, boa sorte”, sei lá. Então, passei a publicar meus livros de maneira serial, capítulo a capítulo, no meu site, até que já passamos de dez, nessa família. (Todos aqui no widbook, acesse no meu perfil!)

Claro, com o tempo, encontrei editoras menores, que toparam embarcar nos meus projetos e já estou no meu quarto livro publicado. Aprendi muito e divido com você, que pode estar aí cheio de dúvidas sobre que caminho deve tomar: publicar independente ou por uma editora. Para todas as escolhas que fazemos há ganhos e perdas. Veja que cenário se adequa mais com a sua realidade e anseios.

Se seu plano é poder se livrar do seu chefe chato ou se mudar da casa dos seus pais para uma ilha paradisíaca, onde poderá surfar com o dinheiro da venda dos seus livros, desacelere a imaginação. A gente lê as notícias de autores estrangeiros que vendem milhões e rapidinho brilham cifrões em nossos olhos e nos sentimos a própria galinha dos ovos de ouro.

Mas, vamos deixar esse espírito Tio Patinhas de lado um pouquinho e trazer seu sonho para o Excel. Afinal de contas, planejar no Power Point é mais lúdico e bonito, só que reflete pouco a realidade.

Se você vai vender um livro, por exemplo, por R$30 reais pelo modelo:

Com editora:

– 8% fica para você (R$2,40); [Só isso! Sim, precisa vender dois para tomar um picolé].
-60% para a livraria (R$ 18); [Que vai pagar o aluguel do espaço, funcionários, propaganda, etc].
-32% com a Editora (R$ 9,60). [Que vai pagar todos os seus custos de produção, impostos, funcionários etc].
Independente (Você cria o seu selo, produz e vende na Livraria):
-40% para você (R$ 12); [Já dá para tomar um picolé. Mentira, não tome, você precisará pagar todos os custos de produção]
-60% para a livraria (R$ 18); [Que vai pagar o aluguel do espaço, funcionários, propaganda, etc].
Ou

Independente (Você produz e vende no seu site por Cartão de Crédito):

-96% para você (R$ 28,80); [Que pagará todos os custos de produção e postagem, etc].
-4% para o gateway de pagamento (Exemplo: PagSeguro, PayPal etc) (R$ 1,2); [Que assumiu os riscos do não pagamento do seu cliente por você]
Já sei, você deve estar achando: ”oba, vou assumir o trabalho da editora e pegar uma fatia maior do bolo”. Ihhh, vamos continuar esse papo aqui que, no final, você pode mudar de ideia. Rs.

-”Li, quando dá para largar o emprego e ser um artista in, que sai em capas de revistas e é entrevistado em programas de TV de empreendedorismo?” – você me perguntaria.

Puxa a calculadora para cá e vamos calcular a sua resposta:

Quanto você acha que é uma boa meta de renda mensal para você? Vamos fazer com o exemplo de R$ 3.000.
Seu livro é R$ 30 e você ganha 8%, lembra? 3 mil reais dividido por R$ 2,40= 1.250 livros. Esse é o número de obras que precisa vender por mês para ganhar os 3 mil que deseja.
Lembre-se: o aluguel do seu apartamento, as contas e a mensalidade da escola do seu filho vão chegar sempre, esteja ou não vendendo livros. Logo, já deu para entender até aqui que será preciso ter muita dedicação e foco.
Meu conselho de ouro: faça faculdade, curso técnico ou de especialização e mantenha uma renda fixa para ter a tranquilidade de poder escrever, sem deixar cair a inspiração.
É cruel, não? Vamos continuar? É preciso ser realista para enfrentar a vida de forma adulta. Porque essa brincadeira é pra gente grande.
Vamos mergulhar em cada decisão de negócio.

DECISÃO 1:

Vou publicar com uma editora menor para me lançar.
Como já vimos, neste caso, você fica com 8% do preço de capa; a editora com 32%; e a livraria com 60%.

Ponto negativo:

-Você recebe uma fatia pequena do bolo da porcentagem da venda da capa;

Pontos positivos:

-A editora fará o registro do ISBN para você.
-Ela contratará diagramador, capista, revisor e fará interface com a gráfica para produzir a obra. Para isso, ela precisa ter uma micro-empresa ou MEI para realizar as transações e emitir notas fiscais.
-Ela terá contato com outras editoras, livrarias, blogueiros etc e te ajudará com a divulgação e materiais de brindes para eventos.
-Ela se encarregará da logística de colocar seu livro nas livrarias virtuais e físicas.
Seu trabalho:
-Escrever o livro, óbvio, rs;
-Registrá-lo como seu;
-Divulgar-se nas redes sociais e participar de eventos literários;
-Responder a todos os e-mails de contato dos seus fãs.

DECISÃO 2:

Vou publicar com uma editora pequena e oferecer co-participação no investimento e lucros.
Há editoras que solicitam o pagamento dos serviços editoriais. Outras, além destes serviços, também pedem o investimento em parte ou toda impressão. Antes de esvaziar o porquinho e pegar o dim dim da poupança que guardou para aquela viagem, reflita.
Digamos que você negocie que os livros impressos serão vendidos por você, que ficará com 100% do que receber do leitor.
Enquanto que a editora, em paralelo, também pode imprimir por conta própria outra cota e vender em livrarias. Neste cenário, ficaria 60% para livraria; 20% para você e 20% para a editora.
Você irá investir:
Serviços Editoriais= R$ 6 mil
Impressão de 1.000 cópias= R$ 9 mil
Mil Marcadores= R$ 400

Total= 15.400 reais (dividido por mil cópias, dá R$15,40 de custo unitário).

Se vender o livro por R$ 30 reais, terá R$ 15,40 de custo e R$ 14,60 de lucro.

Sendo assim, precisará vender 514 livros para que cubra tudo que investiu e, só aí em diante comece a lucrar.

Esses valores expostos acima são a título de exemplo e dependem das negociações com gráficas e fornecedores de serviços editoriais. Atualmente, os preços estão até um pouco acima. E podem variar para mais e para menos. Não contemplei aqui os investimentos que você precisará fazer no seu site para vender com cartão de crédito, suas viagens para eventos, embalagens e adesivos para postagem, cartuchos de impressora, o seu custo de deslocamento para os Correios, o seu tempo de trabalho empacotando e controlando planilhas de vendas, o custo de manutenção do seu MEI etc.

Nesta decisão que tomar, não pense apenas no fato de ter ou não o investimento para a produção. Pode ser que encontre um Anjo da Guarda Investidor, um “paitrocínio” ou mesmo use suas economias. Veja a energia e esforço que precisará investir para vender esse montante. Pode ser que aconteça em meses ou em quatro anos. Depende do quanto sua rede estará interessada nele. Já vi autoras liquidarem mil cópias, que evaporaram como água na chaleira e outras demorarem um tempo maior.

Faça algumas reflexões:

-Você tem um local arejado e seguro de umidade para guardar mil livros?
-Você tem tempo para responder todo dia aos e-mails de compra e conferir os pagamentos?
-Você tem disponibilidade para empacotar, adesivar e embalar os livros?
-Você mesmo consegue ir aos Correios de dois em dois dias para postar?
-Você tem muita paciência para lidar com o público?

De repente, esses pontos podem te preocupar mais que o valor do investimento, não é?

DECISÃO 3:

Vou publicar totalmente independente e vender meus próprios livros.

Esta decisão leva em conta os mesmos cálculos acima. Os ingredientes novos são:

-Você precisará contratar sozinho um revisor, diagramador, capista e contratar a gráfica.

Obs:

Em Nárnia dá tudo certo e bastarão o e-mail do pedido e o da aprovação. Aqui, no planeta dos autores iniciantes brasileiros, você pode levar calote, receber uma péssima impressão, odiar a capa e encontrar mil erros na revisão. Logo, não é impossível ter até que contratar mais de um fornecedor e pintar o cabelo no final, porque ficou totalmente branco.

-Você não terá o selo da editora para endossar o seu trabalho. Isso é muito valorizado ainda no mercado editorial. Traz um status de reconhecimento importante.
-Você precisará montar sua loja virtual (com um e-commerce simples ou complexo) e fazer um ótimo boca a boca.
-Em oportunidades de participação de eventos de livrarias, você terá que dividir os lucros obrigatoriamente com as lojas (60%, lembra?). Nestes casos, só aceitarão receber os livros se você enviar nota fiscal. Então, é necessário abrir seu próprio MEI.

DECISÃO 4:

Vou publicar totalmente independente e vender em livrarias virtuais.

Quando falamos em disponibilizar em formato digital para venda, costumamos ouvir: ahhhhh, que ótimo, não tem o custo de impressão.
Seria perfeito não ter também o custo de edição, mas, ele fica ainda na sua calculadora. Lembra dos 6 mil reais? Quantos livros precisará vender para ter seu money de volta?

Olha, atualmente, um e-book está em torno de 10 reais para quem está começando. Então, conte que precisará vender uns 600.
Mas, há uma variável que ninguém conta: a pirataria.

Muitas editoras ainda não estão trabalhando com o formato digital porque em poucos dias o mesmo pode encontrar-se na rede, disponibilizado depois do código ter sido quebrado. Ai, o livro se espalha como vírus por toda parte. Sim, você poderá fazer um trabalho de processo judicial para tirar de todos os lugares. O importante é contar que é possível que esse estresse ocorra.

Parece até um cenário de ROI (retorno sobre o investimento) bom, mas, deve se perguntar se o seu público lê muito o formato digital. Isso porque um giro de 600 cópias de e-book é considerável para quem está começando.

De novo, já vi de tudo, pessoas que venderam milhões e quem não vendeu cem.

Aproveite a conta Premium aqui do Wibook e leve seu livro pra KOBO, experimente vender e começar. Saia do ponto de partida. Mas, faça um trabalho editorial interessante e super rigoroso na revisão. Leitores que encontram erros procuram falar mal do livro e contra-divulgá-lo. Não tenha esse histórico no seu caminho.
Como aprendi isso tudo? Conversando com autores, trocando experiências com editores e lendo muito na net sobre o mercado. Quem quer se profissionalizar precisa ter uma boa planilha de excel e uma calculadora no bolso sempre. Os artistas, normalmente, não querem se envolver com o marketing. No entanto, estamos no Brasil e aqui o segmento nos pede muito mais participação, energia e esforço.

Muitas vezes, nós autores começamos pensando nos exemplos de outros colegas que venderam milhões na Amazon, que já estão em 15 mil cópias impressas, no segundo livro, e tem filas atrás deles na Bienal. É bacana ter esse farol, sim. Mas, acima de tudo, procure colocar os dois pés no chão e estabelecer um crescimento gradual. Caso contrário, você pode se frustrar e não sair do primeiro livro, como conheço muitíssimas pessoas.

Tudo parece fácil de enfrentar quando estamos super empolgados e determinados a passar por qualquer burocracia. De repente, enfrentamos o fato de que temos vida pessoal, filhos, amigos, eventos pessoais e compromissos editorais concorrendo com a mesma agenda.

Seu tempo não vai dobrar porque você tem dinheiro pra investir na sua produção. Ele vai encolher como se colocasse o relógio na geladeira. Então, poderá descobrir que o fator mais difícil na fórmula do seu trabalho é este: O VALOR DO SEU TEMPO.

Alguns amigos escritores rapidamente chegam a conta de que o que ganham em um mês com os livros recebem também por um dia no seu trabalho. Por isso, decidem que não vale ocupar a sua hora de lazer com produção literária e manutenção das vendas.

É uma realidade muitíssimo racional, porém, revela também o tamanho do amor pelo seu próprio trabalho.
Isso me faz refletir sobre os artistas que não foram valorizados em vida.

Penso em Van Gogh, que fez mais de 2 mil trabalhos e só ficou realmente famoso muito tempo após a sua morte. O mundo hoje comercializa por valores vultosos suas obras, mas, aquele homem que se suicidou nunca usufruiu desse retorno ou valorização do seu trabalho. No entanto, por que ele não parou nas primeiras cem obras? Sua alma artista não podia parar.

Apesar de todas as contas que viu aqui, não pare!

Agora, conta pra gente, como estão seus projetos? Suas experiências estão correspondendo suas expectativas?

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