Blog da Li

Esteriótipos: mulher de militar

Blog da Autora Li Mendi de Livros de Romance na Amazon

 

Gente, a caixinha de criatividade não é um recipiente sem fundo que dela brotam, vindas do infinito, mil idéias e inspirações para se atualizar todos os dias nosso blog. Como os e-mails enviados para cá não estão freqüentes, fiquei pensando em um modo de manter nosso diário com textos sobre o tema. Daí, falando justamente com a minha amiga Lucy sobre isso, tivemos juntas a idéia de colocarmos aqui algumas conversas nossas, enquanto esperamos vocês participarem, enviando os textos de vocês. O nosso papo de ontem foi:

Li:

_Bom, eu hoje estou com vontade de conversar e acho que a gente podia publicar esse nosso papo no blog. O que acha?

Lucy:

_Ótima idéia!!! Mas, não vai ser muita informação pra pouco espaço, não? Nós falamos tanto… (rsss)

Li:

_Sim! Falamos. Mas tem gente que gosta de ler bastante, então, fica na mesma proporção! =p

Como você sabe, eu estou escrevendo um livro de entrevistas, então, minha caixa de e-mails anda bem cheia. Acabo entrando em contato com várias histórias, conhecendo pessoas e um tema está agora na minha cabeça. Os estereótipos das mulheres de militar.

Lucy:

_Eita, é um assunto complexo.

Li:

_Porque elas me parecem mulheres maduras, decididas, que procuram uma carreira… Isso não é diferente daquele modelo que os outros pensam? Da mulher dona de casa? É um assunto complexo mesmo! Porque envolve uma série de pontos de vista. Sabia que quem vive nos círculos militares pode também ser preconceituoso? Achar que só existem aquelas mulheres, e aquele modo de se viver uma vida de mulher de militar?

Lucy:

_Ah, as pessoas criam estereótipos e nem se atualizam! Não creio que as mulheres que escolhem viver para cuidar do lar e da família sejam imaturas ou pouco decididas, afinal, elas administram casa, marido, filho, cachorro, gato, papagaio e… muitas (muitas mesmo) trabalham fora, jornada de 8 horas!!!
Geralmente, quem toma muito leite, enjoa e acaba passando o resto da vida sem nem querer ver na frente… entende?
Não duvido que existam pessoas preconceituosas no meio militar, porque elas são discriminadas também (depois da ditadura, não conheço muitas pessoas que gostem de militares), e acabam adotando essa visão para si.

Li:
_Deixa eu me explicar: Há pessoas que pensam que um grupo seleto de mulheres podem representar toda uma… “categoria” (essa não é melhor palavra, mas fica ela mesma). E aí saem por aí aos quatro ventos dizendo “Eu acho que aquelas mulheres só vivem para a farda do marido”. “Aquelas mulheres” quem? Um grupo, né? Porque não é uma “categoria” (socorro uma palavra melhor?!) homogênea e sim heterogênea!

Lucy:

_(*pensando*) É… vai ‘categoria’ mesmo, também não consigo pensar em nada melhor!
E o interessante é que existe uma ‘categoria’… uma ‘classe’ (melhorou?) que é ‘mulher de militar’. Mas, não é bem do jeito que as pessoas ‘pintam’, sabe? E eu fico tão surpresa quanto você de saber que até pessoas que estão lá no meio só conseguem ver ‘donas de casa submissas’ e não enxergam as trabalhadoras que existem por lá. Eu conheço esposas que trabalham fora, dão um duro danado mas, sempre almoçam com a família (e elas que fazem o almoço!!!) e têm uma vida como qualquer outro “tipo” de esposa (menina, tá ficando esquisito essas definições que estamos usando, risos).

Li:

_ Rs. Não tem problema, depois a gente monta um dicionário.

Como eu estava dizendo, há muitas mulher que têm um relacionamento com militar e criticam as outras, sem antes parar um pouquinho para ver que cada um tem seu modo de ser felizes! Atualmente, (você já reparou?), as mulheres têm que ser sobrehumanas. Independentes de tudo, estar em todos os postos no mercado de trabalho e… quando precisam abdicar de alguma coisa são tidas como submissas, fracas… O amor, no entanto, no nosso caso, nos leva a todo momento a reivindicar planos, fazer mudanças de rota. E isso não é fraqueza, porque se alguém vier me dizer que eu sou fraca, vai preparar os ouvidos parar ouvir toda a lista de coisas que só um ser humano com nervos de aço é capaz de fazer!

Lucy:

_(risos) Apoiada totalmente! Fraco é quem não faz escolhas. Nós fizemos as nossas, se não é o que as pessoas acham melhor, só lamentamos, não é? E fraca? tsc… tenho certeza que quem diz isso não faz idéia das tempestades pelas quais passamos, não é, Eli?

Li diz:

_Nem me fale! O bom que (lá vem um clichê) depois das tempestades chega o arco-íris.

Agora, Lucy, por que será que os outros do lado de fora olham para a gente e ficam tão chocados com a nossa dedicação? Eu vou deixar a pergunta aberta e dizer por que “Eu” faço. Porque eu amo, eu admiro. Então, quando chega na hora dele ir embora, eu gosto de ajudar a fazer a mala, a pegar a farda, a fazer um sanduíche, a conferir o material. Eu simplesmente tenho vontade de participar, de colaborar. Eu não acho chocante uma amiga ajudar o namorado com um trabalho da faculdade, por que então parecer um sacrilégio, um tiro no livro dos direitos femininos, eu estar ali ao lado dele dando “uma mãozinha” na sua arrumação?

Lucy:

_Ah, Eli, concordo plenamente com você! Detesto essa visão de submissão só porque escolhemos seguir com eles para onde eles forem, ao invés de fincar os pés na própria base de segurança (independente de tudo e de todos – mas ninguém é assim totalmente) só pra não dizerem que está abdicando da própria vida pelo cara.

E tipo, cada um faz as escolhas que quer para a vida, sabe? Eu cansei de dar explicações pras pessoas que ficavam admiradas com a minha dedicação (do jeito que você falou). E eu simplesmente não digo mais nada. Finalizo os comentários com um “eu sou louca” e ponto. Acho que assim é mais fácil para as pessoas aceitaram as minhas atitudes. Elas não entendem que eu decidi fazer isso porque eu quero. E, sinceramente, eu não dou tanto valor assim à algumas coisas que os outros , sabe? Tipo… Eu quero ser feliz, quero ter uma boa renda, é claro, porque dinheiro interfere também, mas isso não vai ser decisivo porque, para mim, ter um marido (que é um amigo, companheiro, confidente e todas as outras coisas em um só homem que me ama) é muito mais importante do que as outras coisas.

Porque eu concordo com aquela idéia que diz entre você e o mundo, eu escolho você porque contigo eu ganho o mundo, sem você, não tenho nada. Entende? Pode dizer que eu não tenho personalidade, sou fraca e o escambal. Mas, eu sou feliz, tão feliz que essas pessoas nem tem noção e tipo, eu não tenho raiva não! Eu só oro a Deus para que elas conheçam esse tipo de sentimento que nós sentimos, sabe? Do tipo “não estou ligando pro que pensam, eu quero ser feliz e vou lutar por isso do meu jeito”. E aí entra a questão do estereótipo (voltando bem lá atrás no assunto), que cada um vive a sua vida da maneira que acha melhor. Não é a ‘patente’ (rsss) de esposa de militar que faz ser uma dona de casa, é minha escolha por isso. E as pessoas não aceitam esse tipo de coisa. Para mim, é falta de respeito e maturidade para entender o nosso sentimento (amor) dedicado, totalmente “conectado”.

Li:

Você falou uma coisa muito legal de pensar: o período militar. Bingo, Lucy! Tudo que eles fizeram ou deixaram de fazer naquela época, foi lá, naquela época. As mulheres tinham um outro ritmo de vida. Hoje é tudo diferente. Eles são normais, não batem, não gritam e oprimem as mulheres como os outros imaginam. Tem homem que escreve poesia, manda flores, canta, toca violão. Sim e são militares. É possível coexistir as coisas! Eita! Olha eu falando dos esteriótipos deles. tsi tsi Não me deixa mudar de assunto.

Lucy:

_Ah, mas o assunto é o estereótipo e é legal falar sobre os estereótipos deles também! E, sim, existem militares músicos, acaso o povo não sabe que existe a orquestra militar? Tocam maravilhosamente bem! Mas, sim, sobre a época militar. Na verdade, eu me referi à contra-revolução de 1964, que ficou marcada na sociedade como um período de opressão e tudo e os militares ficaram co fama de vilões (não vamos entrar no mérito da questão, quem sabe outro dia, né?), e é por isso que tem gente por aí que diz que militar é bruto. Se bem que, naquela época, a mulher tinha pouca liberdade também. Era criada para o lar. E, sinceramente, não vejo mal algum nisso. Sabe o que eu vejo: as pessoas subestimam a atividade do lar, acham que é pouca coisa, que a mulher não rala pra cudiar de tudo. No lar, a mulher usa de todas as habilidades que aprendeu a vida toda: ela é mãe, esposa, amiga do marido e dos filhos, confidente também, psicóloga na hora das crises, enfermeira na hora dos acidentes, chef de cuisine (é assim que se fala?), enfim… Ela usa de tudo o que conhece dentro do lar e de graça, faz por AMOR! Mais uma vez, aquele amor dedicado, sincero, submisso – e não é submissão de repressão ou opressão, é de entrega total por vontade própria! É a “profissão” mais nobre da face da terra, e muitos não valorizam na medida certa. Tsc… vêem o casamento como se fosse o melhor amigo que vai morar na mesma casa, como se não houvesse compromisso sério, responsabilidade com a outra pessoa e com a família que se está constituindo. É muuuuita responsabilidade e não é fácil! Donas de casa não são dondocas mimadas, atualmente, não! São mulheres polivalentes, multifacetadas… elas são todas as mulheres em uma! É fascinante!

Li:

_Adorei o “Polivalentes”. Eu já me vi fazendo cada coisa, me redobrando em mil para ajudá-lo. E eu me sinto tão feliz por isso, porque eu estava ali no meio do processo. Ativa. Estou lembrando agora de uma comunidade “Eu não passo farda”. Ok, mas você passa a blusa, a calça, as bermudas dele toda. Grandes coisas passar a farda. Não sei em que nível vai o amor das pessoas, mas o meu já está naquele estágio em que não permite frescurices. Essas pequenas coisas de “Isso eu não faço” é tão mesquinho ao me ver. Por que se ele chega para mim e pede para eu ajudá-lo, prontamente eu vou fazer. Ou será que eu estou errada?

Lucy:

_Eu creio que você está certa. Eli, sinceramente, quando a mulher diz “eu não faço isso” já pode escrever: não vai dar certo. Nós sabemos que o relacionamento é baseado no companheirismo, na confiança, na ajuda mútua. É que nem o título daquele filme: “Alguém tem que ceder”. Não é ‘ter’ de ‘obrigação’, é ‘ter’ de ‘necessidade’, entende? Se a mulher não é capaz de ser o braço direito do homem, desista. Isso não vai funcionar até que se entenda o objetivo real de se estar ali, tentando construir algo juntos. Como se constrói algo junto com alguém se não se quer ajudar??? É insano isso!!! E frescura, sim. Mas, eu usaria outra palavra: egoísmo. [¬¬]

Li:

_As pessoas não falam das mulheres dos dentistas, das mulheres dos engenheiros, das mulheres dos… tantos profissionais que têm por aí! Mas as lentes estão bem fortes sobre nós. Talvez porque lá no fundo um montão de gente tem vontade de saber como é estar aqui do lado de cá. Não vou dizer que é o paraíso, nem que também é só sofrimento. Mas é inevitável não citar o glamour. Faz um teste, põe seu lindinho de farda andando por aí e pega na mão dele. Se você não vir uma pessoa se quer olhando para vocês com um olhar de atenção, ok, você me vence. Há uma pompa que ainda resiste.

Lucy:

_Isso porque a instituição militar é a única que tem padrões diferentes do resto da população inteira! Tem regras, segue princípios irrevogáveis e, acima de tudo, eles estão ali se preparando para a morte (triste falar assim, mas é verdade). Por quê? Porque na primeira guerra que estourar (oro a Deus para que não aconteça), eles vão para a linha de frente e os civis (homens e mulheres que menosprezam os militares e suas esposas) vão correr para se proteger e deixar o país entregue às baratas. Mas, os militares, não! Eles vão lá defender a nação. E nós, esposas, vamos pôr os joelhos no chão e orar para que voltem vivos de lá. Creio que, no fundo, as pessoas têm medo. Medo de não serem felizes com uma vida simples. Elas querem fazer coisas grandes, mas não querem fazer para si ou para os seus amores, querem é fazer para os outros verem, procuram a glória dada pelos outros homens. É por isso que eu não dou valor a muitos comentários, porque eu olho para a pessoa e traço um perfil dela: objetivos, anseios, perspectivas e vejo se ela se enxaica nos padrões de lealdade, submissão, amor incondicional.

Vejo se ela consegue entender o amor descrito na Primeira carta de Paulo aos Coríntios, na Bíblia, capítulo 13. Lá tem todas as qualidades do amor, se a pessoa não se encaixa ali, eu nem perco tempo analisando o que ela disse. Porque eu sei que ela não está seguindo a mesma direção que eu! Bem, mas voltando ao que você falou… somos focalizadas porque os militares são focalizados. Em tudo. São cobrados o tempo todo, por todos. E como nós somos o braço direito deles, acabamos nas mesmas condições. Criam expectativas de nós (como todo ser humano o faz com qualquer outro) e como não correspondemos à elas, os holofotes recaem sobre nós. É como você olhar para a época medieval e ver mulheres vestidas com calça e blusa, feito os homens. Ou, olhar para as mulheres de militares atuais e ver uma gerente geral de um banco, uma chefe de relações públicas de uma multinacional… cuidando da casa, servindo ao marido e aos filhos. Servindo como esposa, mãe e etc… não como escrava.

Li e Lucy

(3) Comentários

  1. Nathália diz:
  2. Nathália diz:
  3. Plincesa Lucy diz:

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