Eu tenho uma preguiça de correr, mesmo com uma pista ao lado de casa. Eu não tenho muita vontade de ler meu jornal, mesmo ele chegando todo dia à minha porta. Eu não vou cedo para o trabalho para sair antes do turno, mesmo estando de férias da faculdade. Mas eu queria perder uns quilinhos, fazer valer a pena a assinatura do meu jornal e curtir melhor minha noite.
A verdadeira vilã de meus insucessos sou eu. Procurar desculpas para o que não consigo é só uma dissonância cognitiva, é preguiça mesmo. Falta de coragem. E com isso lembro Shakespeare: “Não é digno de saborear o mel aquele que se afasta da coméia com medo da picadela das abelhas”.
Uma professora psicóloga explicou que o drogado consciente de sua dependência é muito perigoso. Ele sabe do que é capaz e isso o faz achar que sempre poderá reverter tudo. Resultado, nunca larga o vício por crer que depende de sua vontade apenas.
Se eu quiser eu corro, mas não vou correr. Assim, a gente vai levando a vida sem grande relevância, admirando os que fazem diferente. De repente, tentamos e vemos que não somos grandes coisas. Aprendi isso quando ainda cursava jornalismo. Achava que, a qualquer momento que quisesse, as portas do mercado se abririam, por isso, eu poderia esperar. Só que a vida não espera, ela passa por nós sem parar o cronômetro.
Precisei voltar para fazer uma segunda faculdade. Um passo atrás para um impulso maior na frente. Hoje, me sinto feliz no meu estágio maravilhoso em uma grande empresa da qual me orgulho em trabalhar. Tive humildade para enxergar que é devo aprender, sem perder a auto-confiança na minha capacidade.
Só tenho que largar essas preguicinhas diárias. O sucesso não se constitui de dom, mas de suor.
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